OLHE QUE NÃO

olhequenao.wordpress.com

“AUTONOMIA” ESCOLAR: A CULPA NÃO É SÓ DA ESCUMALHA DO GOVERNO

Posted by * em 06/06/2013

Obedecer

A culpa de as coisas no país estarem como estão não é só da escumalha do governo, apesar desta escumalha estar, claro, empenhadíssima em destruir o país. Vejamos um exemplo: este governo, imbuído da mais bandidesca mentalidade NEOLIBERAL, tudo faz para acabar com a ESCOLA PÚBLICA. E com muita rapidez, já que, como dizia Maquiavel, o mal deve ser feito rapidamente. Defendem eles, como qualquer pessoa minimamente atenta deveria saber, o Estado mínimo, com a correspondente máxima DESresponsabilização do Estado por tudo que seja Serviço Público, nomeadamente a Educação e Saúde. Estas são apetitosas áreas para o capital, que sabe ter aqui lucros GARANTIDOS pela inevitabilidade de todos termos de recorrer aos hospitais e de termos de colocar as novas gerações nas escolas.

O objectivo quanto à educação é, portanto, o de destruir a escola pública. E como se faz isso? De várias maneiras. Uma delas é, recorrendo a falinhas mansas, usar uns termos hipocritamente ambíguos e vaporosos como o de “AUTONOMIA“, verdadeira fita pega-moscas. Ir propondo às escolas uma cada vez maior “autonomia” de gestão curricular, orçamental e financeira (com a, cada vez maior responsabilização pela aquisição de  verbas), dar a mais completa liberdade de contratação de docentes e de atribuição de funções aos que já trabalham. Quanto à passagem para o “auto-financiamento” das escolas importa ir na velocidade conveniente: a rapidez na aplicação do mal diz respeito à implementação do precedente (à passagem para a “autonomia”) mas depois, estando as escolas já com o barrete enfiado, há que abrandar e disfarçar as partes verdadeiramente amargas do xarope, ir na velocidade suficiente para vencer possíveis resistências iniciais: é necessário, pensam os bandidos neoliberais menos tótós, dar inicialmente a entender que as verbas arrecadadas pelas escolas não implicariam uma diminuição das dotações do Estado e, só mais tarde (para não assustar), quando já houver um grande número de escolas completamente enterradas até às orelhas na tal “autonomia”, ir diminuindo as dotações e responsabilidades do Estado quanto à educação e um belo dia… voilá… as escolas descobrem-se transformadas numa espécie de empresas, pouco ou nada tendo de público no que aos factos diz respeito, enredadas em mil tenebrosas teias de interesses privados e com o imenso autoritarismo e arbitrariedades que caracterizam o “merdavilhoso” mundo empresarial. Para se financiarem, as escolas com “Contratos de Autonomia” irão recorrer cada vez mais às propinas, aos escuros cambalachos com os interesses empresariais, as contratações serão feitas pela mais despudorada cunha (eufemísticamente apodada de “mérito”), etc.

Agora, passemos ao que diz respeito ao título do post. O QUE FAZEM OS DOCENTES E ESCOLAS quanto a este projecto de destruição de escola pública? Defendem a escola pública de modo decidido? NÃÃÃ…em grande medida, entusiasmam-se com as perspectivas de “autonomia” e dedicam-se não às questões essenciais (de defesa do Ensino Público e Gratuito) mas em debater picuinhices quanto a prazos e modos de implementação do que o governo quer, quanto às putativas vantagens iniciais e de pouca dura para a escola em questão ou para um determinado grupo de professores num determinado momento e lugar, etc. Ou seja, as discussões giram, de modo geral em torno do MODO DE IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA CRIMINOSA. Quase metade das escolas públicas manifestou-se interessada nesta ratoeira da chamada “autonomia” das escolas. Que esperar de quem deveria estar na primeira linha de defesa da escola pública e, pelo contrário, discute a forma e o modo de ajudar a destruí-la? Que esperar dos que, perante a ameaça de serem enforcados, se dedicam a discutir quem deve comprar e preparar a corda e como montar o patíbulo?

Uma resposta to ““AUTONOMIA” ESCOLAR: A CULPA NÃO É SÓ DA ESCUMALHA DO GOVERNO”

  1. […] “AUTONOMIA” ESCOLAR: A CULPA NÃO É SÓ DA ESCUMALHA DO GOVERNO […]

Deixe um comentário