A Líbia é desde há cinco meses palco de mais uma guerra colonial do imperialismo que conta com a participação da república portuguesa. A marinha de guerra britânica, a aviação da NATO (no futuro próximo, as tropas terrestres francesas, alemãs e americanas), levam diariamente o inferno ao território líbio. O saque das ricas jazidas petrolíferas é o objectivo primordial do imperialismo, objectivo esse embrulhado óbvia e docemente na operação mediática do costume que visa iludir os mesmos do costume: levar a «democracia» à Líbia, acabar com as violações dos direitos humanos, blá-blá-blá.
A Líbia está a ferro e fogo. As infra-estruturas económicas e os equipamentos sociais do país são alvo de destruição diária. Os bombardeamentos da NATO abatem-se cruelmente sobre as ruas de Tripoli e provocam indiscriminadamente vítimas civis. É a lei da bomba que vigora. Os chamados «rebeldes» são afinal forças políticas muito heterogéneas, onde predominam os monárquicos de extrema-direita que pretendem recuar socialmente mais de um século. As jazidas de petróleo de Benghazi estão à guarda, desde o começo, da marinha de guerra britânica e de empresas ocidentais. A negociata precisa de ser salva.
Tudo isto era claro desde o início, mas hoje já não oferece dúvidas a ninguém. O Bloco de Esquerda votou esta moção no Parlamento Europeu, a qual, na prática, abriu as portas à intervenção da NATO na Líbia. Os seus dirigentes de topo têm-se mortificado publicamente pela recusa de reunirem com a troika antes das eleições. Uma posição política correcta é abjurada por supostamente ter prejudicado o score eleitoral do Bloco. Então e a esquerda, pá? Aliás, é impressão minha ou esse exercício público de abjuração nunca foi até agora aplicado à vergonhosa moção sobre a Líbia que aprovaram no Parlamento Europeu? Bloco: então e a esquerda, pá?