Como prometêramos, publicamos no Olhe Que Não a entrevista de fundo que Periklis Pavlidis, professor universitário grego, nos concedeu há um mês, nas vésperas da greve geral de 24 de Novembro. Ao contrário do que então dissemos, acabámos por não dividir a entrevista em módulos. Fazêmo-la chegar ao leitor por inteiro, sem interrupções na sequência da leitura.
Periklis Pavlidis é professor assistente de Filosofia da Educação na Universidade Aristóteles, de Tessalónica. Cursou História na URSS, como aluno da MGU, tendo-se licenciado em 1991. Doutorou-se em 1994, na mesma Universidade, em Filosofia. É membro da International “Logic of History” School, centro internacional de estudos marxistas agrupado em torno da obra do filósofo soviético Viktor Vaziulin. Tem um livro publicado sobre o fenómeno da burocracia na URSS.
Frontal e directo, Periklis Pavlidis partilhou connosco as suas análises, opiniões e perspectivas, e a entrevista contém basto material para reflectir, meditar e discutir. É com essa esperança, a de que a reflexão e o debate continuem, que a deixamos ao dispor dos leitores.
OLHE QUE NÃO – Descreve-nos a situação económica e social da Grécia neste último ano.
PERIKLIS PAVLIDIS – É uma situação que se caracteriza por uma rápida e profunda deterioração das condições de vida da grande maioria da população.
O gradual declínio da economia grega no quadro da União Europeia, devido à aguda competição com as economias mais fortes; a contracção do potencial produtivo do país; o enorme deficit comercial (em Agosto de 2010 chegou aos 14, 4 biliões de euros); a escandalosa política dos governos burgueses para fortalecer por via de programas financeiros os grandes negócios – tudo isto levou a um gigantesco aumento da dívida pública, a qual, a 31 de Dezembro de 2009, atingiu a soma de 298 524 milhões de euros, o que corresponde a 124,3% do PIB.
Devo acrescentar que já em Junho de 2010 a dívida pública atingiu o valor de 316 954 milhões de euros, e que, de acordo com a revista Economist, espera-se que chegue aos 150% do PIB em 2014.