A entrevista de hoje, véspera da greve geral, é com José Reizinho, coordenador da comissão de trabalhadores da CP. Oferecemos aos nossos leitores mais um retrato de uma grande empresa de transportes, desta feita de dimensão nacional. Apresentando especificidades, não deixa no entanto de ser atravessada pelos efeitos nefastos da agressiva política de recuperação capitalista que atinge todos os sectores de actividade.
José Reizinho demonstra uma consciência aguda da necessidade de aprofundar os laços de classe entre os trabalhadores. As lutas futuras, duras e prolongadas, assim o exigem.
OLHE QUE NÃO – No quadro geral do agravamento das condições de vida dos trabalhadores portugueses, qual é a situação particular da CP?
JOSÉ REIZINHO – Na minha perspectiva, para caracterizar a situação actual da CP é necessário recuar alguns anos e apreender a política de privatização gradual da empresa que tem vindo a ser seguida.
OLHE QUE NÃO – Essa política de privatização agravou-se recentemente?
JOSÉ REIZINHO – Sim, sim. A pretexto da crise financeira deram-se decisivos passos em direcção à privatização do transporte ferroviário. Invocando sempre «a crise» e «as dificuldades económicas», criaram-se condições a vários níveis para essa privatização.