HEGEL E A ONTOLOGIA
Posted by J. Vasco em 08/06/2010
Para o grande público, José Barata-Moura é sobretudo um grande autor e intérprete de canções infantis que atravessam gerações, um cantor de intervenção, ou ainda o ex-reitor da Universidade de Lisboa.
Menos conhecida desse grande público é a sua continuada, profunda, finíssima e a vários títulos fecunda reflexão filosófica. Ora, sem nenhum grão de exagero e sem nenhum tipo de favor, deve dizer-se que José Barata-Moura é o maior filósofo português, sendo simultaneamente um pensador de craveira mundial.
A sua obra alargou-se agora um pouco mais. Há cerca de um mês foi dada à estampa esta pérola em forma de livrinho: «Estudos sobre a ontologia de Hegel – Ser, Verdade, Contradição».
Por partir de supostos trans-hegelianos, o livro permite, a um tempo, uma penetração enriquecida na dinâmica da filosofia de Hegel e uma recuperação materialista do núcleo racional (a dialéctica) do seu pensamento. Na linha geral que atravessa a obra, há toda uma preocupação por parte de José Barata-Moura de destacar em Hegel a ocupação com «aquilo que é», afinal com aquilo mesmo de que a ontologia trata.
Logo na Introdução, diz-nos José Barata-Moura ao que vem:
«[…] Cada capítulo deste livro forma por si uma unidade. No entanto, as temáticas que se entrecruzam permitem, porventura, divisar, no seu conjunto, uma tentativa de penetração no que se me afiguram ser traços marcantes da ontologia de Hegel – isto é, do respondimento que ele pensa para a pergunta fundadora: que é «aquilo que é»? […]»
Boa leitura.
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João Valente Aguiar said
Grande pensador e grande ser humano o Barata-Moura! Dizermos que ele é o maior filósofo português pode soar um pouco estranho, dada a lástima do pensamento filosófico (e não só) em Portugal. De facto, onde ele deve ser colocado, e como mto bem fizeste, é ao nível mundial. Pena divulgar-se pouco a obra dele no estrangeiro e pena maior ainda que ele, ao que eu saiba, não tenha feito ainda (ou projecte fazer) uma obra do género da Ontologia do Ser Social do Lukacs, onde não tenho dúvida que ele superaria muitas das limitações do pensador húngaro.
Não estou a desvalorizar o Lúkacs, naturalmente, mas apenas a chamar a atenção para um campo que este último abriu, em termos da filosofia materialista, e que os actuais herdeiros (se me é permitida essa expressão) deveriam continuar com a mesma ambição e, sobretudo, capacidade intelectual que felizmente a têm.
Então filósofos? De que estais à espera? 🙂 Só vos falta o tempo e a ambição 🙂 Capacidade intelectual já a têm!
Um grande abraço
J. Vasco said
Tens razão, João. Para muitos que não conhecem a sua obra, isto soará a estranho, mas ele é de facto um pensador de quilate mundial, é do melhor que há no mundo. A referência que faço a Portugal leva veneno, é dirigida a certos académicos, velhos e novos idealistas, velhos husserlianos e novos negristas e «autonomistas», que se têm muito em conta. Alguns tu conheces, outros imaginarás quem são, de outros ainda, mesmo sem os conheceres ou os imaginares, apreenderás a essência snob do seu perfil.
As críticas às limitações de Lukács na obra do Barata-Moura podem ser recolhidas, fundamentalmente, no seu livro «Ontologias da «praxis» e idealismo». Críticas profundas e que abrem perspectivas fecundas de investigação. Que também a ti te cabe desenvolver. 🙂
Grande abraço, João.
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