Archive for Junho, 2010
KSENIYA SIMONOVA
Posted by * em 25/06/2010
Obrigado, Eulália
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RESPIRAR
Posted by J. Vasco em 25/06/2010
Neste fim-de-semana andarei por aqui:
Antes que seja Agosto. Antes que não se possa respirar. Antes que estas terras de maravilha se transmutem em Allgarve, essa mercadoria transaccionável, esse mero valor de troca, embrulhado num tacanho e parolo papel de marketing.
Por motivos óbvios, não revelarei o nome deste paraíso. Direi apenas – e já é muito – que fica situado no barlavento algarvio. Direi tão-só – e isso é tudo – que a ele se aplicam estes versos de Sophia:
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
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OS ERROS E OS DIAS
Posted by J. Vasco em 25/06/2010
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!
Luís de Camões
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NÃO ME PEÇAM RAZÕES
Posted by * em 24/06/2010
Luís Cília canta José Saramago:
Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou tenho quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, nascem todas
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
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Não me peçam razões por que se entenda
A força da maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
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Não me peçam razões, ou sombra delas,
Deste gosto de amar e destruir:
Nos excessos do ser é que amanhece
A cor da Primavera que há-de vir.
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Canção criada a partir do poema de José Saramago
“Não me peçam razões”, in “Os Poemas Possíveis”
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PARA O JOÃO FERRO, COM MÚSICA
Posted by Patrícia B. em 23/06/2010
Ao João Ferro dedico esta versão musicada da canção Solidaritätslied, de Ernst Busch. A música original data de 1931 e esta é uma versão gravada após a Segunda Guerra Mundial.
A partir de hoje a força desta melodia ficará sempre associada, na minha memória, ao jornalista e camarada João Ferro. Ela representa já os breves momentos em que me cruzei com a sua figura simpática, delicada e cheia de vida e histórias lá dentro. Muitas terão ficado por contar.
“Avante, não esqueçamos a solidariedade
[…]
A manhã, de quem é a manhã?
O mundo, de quem é o mundo?” (E. Busch)
Não esquecerei, meu caro João.
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JOÃO FERRO
Posted by J. Vasco em 23/06/2010
«Para os muito maus tempos que, pressinto, se estão aproximando,
serão necessárias novas solidariedades.
Mas não devemos esquecer as antigas…»
(último mail enviado por João Ferro a um seu camarada e amigo)
Faleceu, com 72 anos, o jornalista João Ferro.
Para além de ter sido um dos co-fundadores da SIC, em 1992, e de ter pertencido aos seus quadros durante dez anos, trabalhou também na RTP e na agência noticiosa russa Novosti. Foi jornalista, durante as décadas de 60,70,80 e 90, em vários países do campo socialista, e tinha sobre ele um conhecimento muito amplo, muito vasto e muito profundo. Pertencia ao conselho geral do sindicato dos jornalistas e era membro da Fundação Internacional Racionalista.
A vida tem por vezes destas coisas tristes. Na quinta-feira passada, convidámos o João Ferro para conceder uma entrevista de fundo ao Olhe Que Não. Ele, generoso, aceitou de pronto, sem pensar duas vezes. Disse-nos apenas que teríamos de marcar o dia e a hora da entrevista no fim-de-semana que depois de amanhã começa, porque até lá estava a braços com a preparação de algumas aulas sobre a história da Rússia a leccionar numa universidade sénior. Preparávamo-nos para lhe ligar no próximo sábado.
O ponto de partida para a nossa conversa iria ser o seu último texto publicado (na ocasião, para a SIC Notícias), que deixamos aqui – e que merece ser lido, reflectido e tomado como acicate para ulteriores estudos, discussões e prolongamentos práticos.
O João Ferro partiu. Mas a sua mensagem fica: novas solidariedades… sem esquecer as antigas.
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O CHARME DISCRETO DA BURGUESIA
Posted by J. Vasco em 23/06/2010
Com honrosas excepções, o leque de jornalistas desportivos que tem hoje assento de privilégio nos meios de comunicação nacionais destaca-se por um pouco recomendável conjunto de predicados: no plano linguístico, reserva ao português (falado e escrito) um trato de polé difícil de qualificar; no plano desportivo, consagra o mais rasteiro senso-comum como metodologia de «análise» dos jogos, e coroa a canalhice, o chico-espertismo e o desrespeito pelos adversários como modo adequado de estar no desporto; finalmente, no plano intelectivo e moral, exibe uma confrangedora boçalidade, uma ignorância a toda a prova e uma impertinência tolinha que quer fazer passar por magnífico desassombro.
Nas últimas semanas, assistimos à actuação polifónica desse coro boçal a propósito da selecção de futebol norte-coreana. Essa massa ignara de «jornalistas» – cujos horizontes mundanos não vão além da Academia de Alcochete e do Centro de Estágios do Seixal; para quem a história portuguesa se resume ao arco temporal que vai de Eusébio a Cristiano Ronaldo, passando por Figo; e para quem a história mundial se reduz a alguns campeonatos do mundo e a deduções futebolísticas de baixa extracção a partir das características etnográficas e antropológicas de cada povo – «explicou-nos» o que era a vida na Coreia do Norte, ou seja, invadiu-nos as casas com dichotes racistas e xenófobos (travestidos de piadolas espirituosas) dirigidos ao povo da Coreia do Norte. Recorrendo à humilhação, à ofensa e ao insulto – e apenas a isso -, espezinharam, através de um conjunto de jogadores de futebol, a dignidade de um povo inteiro, que é coisa que não tem preço e que não se transacciona na bolsa de valores. Riram alarvemente, esses valentões, do facto de os futebolistas norte-coreanos utilizarem ginásios públicos, em vez de recorrerem aos espaços privados, de luxo, disponibilizados pelos hóteis de sete estrelas que albergam várias selecções. Desmultiplicaram-se em apontamentos escarninhos, atingindo a dignidade, o esforço e a entrega dos jogadores de futebol norte-coreanos, sobre o desgosto que, com a sua actuação, estariam a provocar ao «querido líder». Troçaram desdenhosamente da vida de trabalho e de sacrifício de inúmeros cidadãos de um país que não suga nem rouba recursos a outros países, rematando as suas arengas com graçolas deste jaez: «o prémio para os jogadores da Coreia do Norte é terem direito a uma refeição e a não sofrerem maus-tratos».
O pasquim i chegou mesmo a este cúmulo: «Os norte-coreanos, uma formação de homens esforçados e orientados por uma disciplina quase doentia (nunca fazem faltas e marcam-nas sem excepção no local exacto onde foi a infracção), sentiram o peso da desvantagem e começaram a abrir brechas». «Nunca fazem faltas e marcam-nas sem excepção no local exacto onde foi a infracção». Com efeito, ser honesto é um defeito tão grande, é um traço tão totalitário, não é?
Mas o mais delicioso, apesar de tudo, foram os comentários em torno do regresso a casa dos seleccionados norte-coreanos. O que não lhes aconteceria, em caso de maus resultados!
Ora, como podemos ver, por exemplo, aqui e aqui, depois da eliminação do campeonato do mundo sem ter ganho um único jogo, a selecção francesa foi mimosamente tratada pelos governantes e pelos jornalistas do seu país. O tema foi ontem objecto de aceso debate no parlamento, meteu ministros ao barulho e o próprio Sarkozy já se pronunciou. E que disseram estas gentes, estes representantes da alta cultura? Defenderam a dignidade dos atletas, reconheceram o seu valor desportivo, falaram das derrotas como parte constitutiva dos jogos de futebol? Não. Disseram coisas elevadas como estas: os jogadores franceses são autênticos «zeros», a selecção gaulesa está empestada de «estrangeiros», a equipa francesa é uma «vergonha». Pedro Rosa Mendes, na crónica de hoje na Antena 1, dizia, ele que agora vive em Paris, que aquilo que foi dito ontem no parlamento francês sobre os jogadores franceses «era irreproduzível nestes microfones». Entretanto, os sectores mais chauvinistas e reaccionários da direita francesa exigem desde já uma depuração de «estrangeiros» na selecção, e apelam a uma recepção da equipa com «ovos e tomates, como antigamente».
Nada disto, como é óbvio, apoquenta a sensibilidade «democrática» dos nossos finos «comentadores» desportivos. Em tudo isto, eles deixam-se apenas levar pelo charme. Pelo charme discreto da burguesia.
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MEMÓRIA, FUTURO, TRABALHO, EMANCIPAÇÃO
Posted by J. Vasco em 20/06/2010
TEXTO DE MANUEL GUSMÃO ESCRITO NO DIA DA MORTE DE JOSÉ SARAMAGO.
PUBLICADO NO 5 DIAS:
ADENDA EM 25/06/2010: ler aqui o artigo de Ricardo Araújo Pereira sobre a ausência de Cavaco no funeral de José Saramago.
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2 NOTÍCIAS, 2 PESSOAS, 2 TAMANHOS DO SER HUMANO
Posted by * em 20/06/2010
Imprensa mundial fala da morte do escritor
Do Chile à Rússia, passando por Israel e pelos EUA, o desaparecimento de José Saramago foi notícia importante.Com maior ou menor destaque, de forma mais elogiosa ou mais descritiva, a morte de José Saramago foi notícia na imprensa de todo o mundo.
DN, 20/06/2010 http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1598136 |
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Obs: Pedimos desculpa, a todos os que conhecem e respeitam Saramago, escritor gigantesco e de importância universal, pela implícita comparação com tão insignificante e reles figura. Realmente, a comparação entre o oceano e o esgoto é, em si mesma, um pouco desrespeitosa para com o oceano. Se isto puder servir de atenuante, diremos que quisemos apenas indicar dois pontos extremos da condição humana.
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O QUE FALTA FAZER
Posted by * em 19/06/2010
O escritor faleceu.
Fez o que pôde pela literatura, pelo país, pelo mundo …
O país tem ainda uma prova a fazer: tem de demonstrar que merece Saramago!
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UM ESCRITOR GENIAL NÃO MORRE, DEIXA APENAS DE ESCREVER
Posted by J. Vasco em 19/06/2010
Os meus livros preferidos do enormíssimo e genial escritor José Saramago. Obras-primas que fazem parte da grande literatura de todos os tempos e de todos os lugares e que nunca morrerão. Quem as leu e quem as vier a ler, nunca deixará de ser marcado por gente tão forte e tão inesquecível como Maria de Magdala, como Lídia e Marcenda, como Blimunda e Maria Sara. Obrigado, José!
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DELÍCIAS DO LIBERALISMO
Posted by J. Vasco em 17/06/2010
Quem vir nesta «decisão do Ministério da Saúde» uma simples medida arbitrária e desgarrada – desengane-se. Ela é mais uma peça da consequente política liberal que visa destruir, tijolo a tijolo, o edifício das funções sociais do estado, construído com o impulso da revolução de Abril.
Os caboucos deste edifício são vergastados nos dias de hoje (pelas mãos sujas de PS, PSD e CDS, sob a orientação tutelar da UE) com uma violência sem precedentes. Encerramentos de escolas, de centros de saúde, de maternidades, de urgências hospitalares. Desmantelamento de postos de correio. Fecho de repartições da segurança social. O ramalhete é impressionante, e dele exala o inconfundível aroma das «leis do mercado». Sob a sua sombra, campeia a miséria, a falta de protecção social, o despovoamento do interior do país e uma vaga vertiginosa de emigração.
«Por um segundo podemos perder uma vida». Mas que importância pode ter isso? Os mortos serão, afinal, de famílias «sem estilo», «sem charme», «saloios do interior que nem falar sabem», não é assim? Desejável é que «o mercado» funcione, é que a «lei da oferta e da procura» vigore. Lindo é que o estado «não tutele a vida dos indivíduos», é que quem quer saúde, educação, reformas – que as pague, que não «viva à custa dos subsídios» e da «teta do estado».
Acelera, ambulância, acelera! Esses «40 quilómetros» ainda vão ser tão longos!
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O HOMEM DA CAMISA VERMELHA
Posted by J. Vasco em 17/06/2010
Se há qualquer coisa de grande, de verdadeiramente grande, na cultura estadunidense, essa coisa é o cinema, arte popular por excelência. Dos primórdios de D.W. Griffith – com a introdução da estrutura narrativa; aos contemporâneos Coppola, Scorsese e Cimino – com a complexificação, com a desconstrução e com a subjectivização dessa estrutura, à boa maneira do romance americano.
Nesse pano de fundo cinematográfico, Nicholas Ray, o realizador que se apresentava no plateau envergando sempre a sua mítica camisa vermelha, ocupa um lugar destacadíssimo.
Sobre ele, que assinou autênticas obras-primas, muito haveria a assinalar. Fiquemo-nos hoje, porém, pelo seu filme que mais amo: Johnny Guitar, de 1954, que aliás deu azo à famosa canção, composta de propósito para o filme.
Nada substitui o seu visionamento por inteiro, mas o pedaço acima carrega já muito do seu génio. Reparem na perfeição dos diálogos, autêntico duelo – as frases são como balas, tal a sua precisão e efeito cortante.
Reparem na mise-en-scéne, unidade do barroco e do despojamento, da vertente documental e da exacerbação lírica. Reparem na perfeição dos movimentos de câmara, espelho e antecipação do mais fundo das almas de Vienna e de Johnny. Sterling Hayden e Joan Crawford nunca estiveram tão bem. E depois há aquela frase inadjectivável, de tão bela: «Procurei-te em todos os homens que conheci».
A dado passo do filme, Vienna atira ao empregado do seu saloon: «Keep the wheel spinning, Ed. I like to ear it spin».
Aproveitando esta passagem, dizia João Bénard da Costa, com razão, a propósito do filme: «No fim de cada visão de Johnny Guitar, só me apetece dizer aos projeccionistas: “Keep the film spinning, Ed. I like to see it spin.” Tanto, tanto».
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O IMPERIALISMO EXPLICADO POR KÖHLER
Posted by J. Vasco em 14/06/2010
Esta obra, O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, escrita em 1916 e publicada pela primeira vez em 1917, está para a ciência social e política como a teoria da relatividade está para a física, o evolucionismo para a biologia, a Crítica da Razão Pura para a filosofia, ou o D. Quixote para a literatura. Sem o seu estudo é hoje impossível compreender de forma adequada o desenvolvimento concreto da sociedade capitalista.
O presidente da Alemanha, Horst Köhler, decidiu a semana passada, numa entrevista, falar abertamente sobre a ordem burguesa que nos reina. Escutemos as suas preciosas palavras: «A minha opinião é de que, em geral, estamos a caminho de compreender, mesmo de forma ampla na sociedade, que um país com a dimensão do nosso [a Alemanha], orientado para o comércio externo, e por isso também dependente do comércio externo, tem de estar ciente de que, em caso de dúvida, de emergência, uma intervenção militar é também necessária para defender os nossos interesses. Por exemplo, para defender rotas comerciais ou impedir focos de instabilidade regional, que seguramente teriam impacto negativo no comércio, nos postos de trabalho e nos rendimentos».
Köhler aprendeu bem a lúcida lição do general Clausewitz: «a guerra é a continuação da política por outros meios». Mas fundamentalmente pôs a nu uma evidência que o discurso dominante se esforça, a todo o transe, por encobrir: as guerras na era do imperialismo são guerras de saque, guerras de pilhagem dos recursos dos povos do planeta, levadas a cabo pelas burguesias mais poderosas do mundo (simultaneamente, em competição e em concertação). As invasões do Iraque e do Afeganistão, por exemplo, aí estão, diariamente, a atestá-lo.
Consta que os colegas políticos do presidente se sentiram em apuros com este deslize (como dizia alguém, «verdades que doem como murros»). Afinal, é sempre perigoso, ainda que em condensado e em linguagem pouco científica, é verdade, estimular inadvertidamente o interesse dos cidadãos pela obra referida no começo deste post. Sabe-se lá se o diabo não irá tecê-las.
Fiquemos, porém, tranquilos. O discurso hipócrita das «intervenções humanitárias», da «difusão da democracia» e do «combate ao terrorismo» segue dentro de momentos. Numa universidade perto de si, numa livraria já ali à esquina, no quiosque de jornais à sua beira, na televisão da sua sala.
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O MOMENTO CULMINANTE
Posted by J. Vasco em 14/06/2010
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CINCO ANOS PASSADOS SOBRE A MORTE DE QUEM DEU NOME A ESTE BLOG (II)
Posted by J. Vasco em 13/06/2010
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SEMÂNTICA ELECTRÓNICA
Posted by J. Vasco em 11/06/2010
Ordeno ao ordenador que me ordene o ordenado
Ordeno ao ordenador que me ordenhe o ordenhado
Ordinalmente
Ordenadamente
Ordeiramente.
Mas o desordeiro
Quebrou o ordenador
E eu já não dou ordens
coordenadas
Seja a quem for.
Então resolvo tomar ordens
Menores, maiores,
E sou ordenado,
Enfim — o ordenado
Que tentei ordenhar ao ordenador quebrado.
— Mas — diz-me a ordenança —
Você não pode ordenhar uma máquina:
Uma máquina é que pode ordenhar uma vaca.
De mais a mais, você agora é padre,
E fica mal a um padre ordenhar, mesmo uma ovelha
Velhaca, mesmo uma ovelha velha,
Quanto mais uma vaca!
Pois uma máquina é vicária (você é vigário?):
Vaca (em vacância) à vaca.
São ordens…
Eu então, ordinalmente ordeiro, ordenado, ordenhado,
Às ordens da ordenança em ordem unida e dispersa
(Para acabar a conversa
Como aprendi na Infantaria),
Ordenhado chorei meu triste fado.
Mas tristeza ordenhada é nata de alegria:
E chorei leite condensado,
Leite em pó, leite céptico asséptico,
Oh, milagre ordinal de um mundo cibernético!
Vitorino Nemésio
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…E O CONTEÚDO ESSENCIAL DA SUA «SOCIOLOGIA»
Posted by J. Vasco em 11/06/2010
E como se caracteriza a «sociologia» do «sociólogo» Barreto?
Precisamente pela ausência de sociologia, de conhecimento científico da sociedade, de apreensão das suas leis e estrutura fundamentais. O «sociólogo» Barreto expele apenas lugares-comuns, recolhe e divulga factos empíricos brutos e superficiais, desligados do sistema de relações sociais mais profundo que os estrutura e lhes dá sentido.
A «sociologia» do «sociólogo» resume-se, afinal, a uma indigência teórica deste calibre: «há cinquenta anos havia menos carros do que hoje», «o aparecimento da televisão veio criar novas formas de cultura e de sociabilidade», «o país urbanizou-se compulsivamente nos últimos trinta anos», etc, etc, etc.
Os mais incautos e alguns nefelibatas – impressionados, ainda para mais, com o constante revolver da melena a que sistematicamente Barreto se dedica – hão-de considerar estar perante uma evidente e insofismável prova da «profundidade» do «sociólogo».
Os senhores e senhoritos que o «sociólogo» bajula exultam com o festim. Bem consideradas as coisas, é esta a «sociologia» que mais lhes interessa: uma pseudo-ciência que elimine da consideração a estrutura e a essência da dinâmica social, reduzindo-a a factos arbitrários. Um panegírico do existente que, a par de algumas «correcções» e «melhoramentos» de base filantrópica, nos vá sempre garantindo que, como por milagre, como que caída do céu aos trambolhões, sem lutas sociais agudas, a «evolução» social sempre se deu, vivendo nós no melhor dos mundos.
Próximo passo, culminante, que a «sociologia» do «sociólogo» nos propõe: aprender, com humildade, a aceitar as coisas como estão. Abandonar de vez a «conflitualidade social» (que ele diz, mentindo com quantos dentes tem, que em Portugal é enorme. Pelo contrário, a luta dos trabalhadores precisa de crescer, de estar à altura da dimensão da ofensiva patronal). Saber viver, enfim, no idílico reino (capitalista) do fim da história.
Quantas vezes já se terá visto isto?
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O GRANDE OBJECTIVO DO «SOCIÓLOGO»…
Posted by J. Vasco em 11/06/2010
Este senhor, o liquidador-mor da reforma agrária no plano político e legislativo, intitula-se «sociólogo». É, mais precisamente, o «sociólogo» do sistema. Dá-se ares de profundidade, de aturada reflexão e de exaustivo labor intelectual. Tudo nele, do cenho carregado ao cabelo em turbilhão, quer transmitir esse perfil de grande pensador.
Ontem, nas comemorações do 10 de Junho (que Cavaco rebaptizou um dia, nunca o esqueçamos, de «dia da Raça»), botou faladura. Num dos posts abaixo já se fez referência ao seu discurso rançoso, colonialista.
Mas, porque nunca é demais recordar, tragamos agora à liça um facto que caracteriza na perfeição a estrutura deste grande «intelectual». Há coisa de dois anos, o «sociólogo» fez circular num órgão de «referência» de grande circulação uma injúria inqualificável em relação à actuação do almirante Rosa Coutinho em Angola. Foi de pronto desmentido por investigadores, historiadores e militares de todos os quadrantes, que mostraram à saciedade que o documento que Barreto brandiu na ocasião para «comprovar o que tinha descoberto» era, no fim de contas, uma peça de má rês, relesmente forjada. Até à data, o «sociólogo» nunca se preocupou em retirar o que disse, nem sequer em apresentar um pedido de desculpas.
Com efeito, para quê? Quem leu, leu – e provavelmente já difundiu a mentira. Quem não leu, não leu – e provavelmente já engoliu, por ouvir dizer, a mentira. Não seria este, afinal, o grande objectivo do «sociólogo»?
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GUANTÁNAMO: O GRANDE CAMPO DA «LIBERDADE»
Posted by J. Vasco em 10/06/2010
Os amantes do «modo de vida ocidental» e os amigos da «liberdade» e da «democracia» (leia-se: do capitalismo e da exploração), acompanhados pelos sempre ingénuos defensores do «anti-dogmatismo» e do «anti-totalitarismo», andaram afadigados, há cerca de dois anos, a tentar convencer o mundo de que o campo de concentração de Guantánamo se resumia a um triste e passageiro episódio da era de Bush Jr. que seria rapidamente ultrapassado pela boa e virtuosa «democracia» americana, e no caso vertente pelo seu chefe de turno Obama. O código genético da grande «democracia» que o imperialismo constitutivamente é, nos termos das concepções sócio-políticas dessa gente, encarregar-se-ia de pôr tudo no sítio. E diziam-nos e repetiam-nos então, de manhã à noite, que o campo de tortura seria encerrado até 2010.
O paleio, entretanto, acabou. Os homens da propaganda puderam finalmente recolher aos gabinetes, dado que o trabalho de psicologia de massas já tinha feito o seu curso. A grande maioria dos «cidadãos comuns» (jargão que esses senhores adoram empregar), ou já esqueceu o problema, ou está mesmo convencida de que o campo da infâmia está desmantelado.
Assim sendo, senhores «democratas», peço-vos, encarecidamente, um enorme favor: cheguem-se à frente, por obséquio, e anunciem-nos todas as novidades – hoje, no dia 10 de Junho de 2010 – sobre o «encerramento de Guantánamo». E não se esqueçam de acrescentar aos vossos «raciocínios» «explicações imparciais» e palavras belas, como é vosso apanágio, sobre a «liberdade», o «mercado», a «democracia», a «dignidade da pessoa humana», blá-blá-blá.
(Ou muito me engano, ou vamos mesmo ser brindados apenas com um silêncio sepulcral…)
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MILITAROPHILIA
Posted by * em 10/06/2010
O desprezível António Barreto aproveita, neste exacto momento, o dia 10 de Junho, dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas para, ao abrigo de mais um tacho (estes senhores dizem-se oposição ao governo e não se cansam de, permanentemente, ao longo de toda a vida, usar, abusar e lambuzar-se em tachos e cunhas e sinecuras oficiais) … dizíamos nós, o inexcedível António Barreto usa o dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas para, ao abrigo de mais um tacho, cantar nojentas loas à defesa militar do colonialismo e entoar enternecidos panegíricos aos mercenários que, parasitando no dinheiro dos contribuintes, estiveram dispostos a matar no Iraque em defesa do imperialismo americano, que não hesitaram em (mais por dinheiro do que por glória) fazer o papel de assassinos de um povo que não conheciam, denegrindo a imagem do seu próprio país. Pois… já o Jörg Paulinho Haider das feiras tem também essa obsessão erótico-fascista em relação aos membros dos órgãos burgueses de repressão e combate. É algo que, não sendo meramente patológico, tem, certamente, algumas características patológicas, além das políticas.
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SOBRE O VELHO DO RESTELO
Posted by J. Vasco em 08/06/2010
A superficialidade reinante atribui à figura do Velho do Restelo, de ordinário, características que desfiguram por completo a mensagem e o núcleo de valores que Camões, através de tal personagem, condensou na sua criação literária. Por que motivo isto aconteceu? Eis um tema sobre o qual, um dia, pensei escrever. Mas para quê, se o Jorge Carvalheira já o fez, e com a elegância que se sabe? Aqui fica o seu textinho, precioso, retirado do Ladrar à Lua:
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ATÉ SEMPRE, COMPANHEIRO!
Posted by J. Vasco em 08/06/2010
Faleceu Rosa Coutinho. Figura maior da Revolução de Abril e da luta pelo socialismo. Homem íntegro, vertical, avesso a mediatismos. Está na altura de se começar a falar dele, de destacar o seu papel ímpar no apoio à luta dos povos colonizados pelo império português. (Será que podes começar a tratar da empresa, Jorge?)
Até sempre, senhor Almirante!
ADENDA: Tal como nos é dito pelo autor, este livro é dedicado a um milhão de portugueses: soldados, capitães, um general e um almirante. O general deixou-nos há cinco anos, o almirante partiu agora.
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YESUDAS
Posted by J. Vasco em 02/06/2010
Kattassery Joseph Yesudas tem 70 anos. Canta músicas populares indianas e compõe música clássica indiana, filão artístico com fundas e remotas raízes. Das vinte e uma línguas nacionais faladas na Índia, só não canta em duas delas: o assamês e o caxemira. Uma visita ao seu site oficial pode ser feita, com proveito, aqui.
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PALESTINA INDEPENDENTE
Posted by J. Vasco em 01/06/2010
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