POEIRA HUMANA
Posted by J. Vasco em 02/03/2010
A coisa Tavares, no seu programinha de ontem Sinais de Fogo (nome roubado ao grande romance de Jorge de Sena) com Gonçalo Amaral, exibiu-se, no seguimento do que nos tem habituado, ao seu melhor nível: foi malcriado, petulante, caceteiro, reaccionário, e defendeu os seus amigos e companheiros de sempre – os ricos e os poderosos – com inegáveis galhardia e valentia. Compare-se apenas esta actuação «corajosa» e «valente» com a da semana passada, em que se fartou de mimar e acarinhar Sócrates.
O facto da coisa Tavares ser uma estrela luminosa do panorama mediático português diz bem do estado lastimável, em termos de racionalidade crítica, a que chegou o país. É um significativo sinal dos tempos.
A sua tão apreciada agudeza resume-se afinal a um lamber as botas aos ricos e poderosos; a sua tão proclamada independência esgota-se num aristocratismo elitista e decadente que odeia os pobres e os explorados; a sua suposta coragem significa tão-só que é um marialva de trazer por casa armado em menino rabino, apoiante das posições mais reaccionárias da sociedade portuguesa (são habituais nele termos e expressões como «corporações», «o conservadorismo dos sindicatos», «os professores são seres inúteis», etc.); o desinteressado e abnegado cidadão dedicado à coisa pública não é mais do que um ridículo filisteu defensor de grandes e decisivas causas da humanidade como o tabagismo, a caça, o Pinto da Costa, o aumento da velocidade máxima nas estradas, a limitação do número de contentores no porto de Lisboa, e outros assuntos quejandos; o grande escritor não passa, na realidade, de um medíocre escriba que alinhava umas palavritas e que vende, como champôs e sabonetes, milhares e milhares de exemplares de lixo literário.
Um país que o acarinha já perdeu o mais importante: a sua dignidade. Ontem (e na semana passada), para quem tinha ainda dúvidas, mostrou que não é jornalista coisa nenhuma. É um comissário político das classes dominantes, um mero propagandista de turno das políticas de direita.
A coisa Tavares tem ainda outro defeito. Por ter quem tem como mãe, seria profundamente injusto chamar-lhe filho da puta. É pena. Chamemos-lhe então, pela força das circunstâncias, poeira humana.
E, sobre isto, fiquemos com um post do Samuel, de dia 9 de Janeiro de 2009, que lhe peço emprestado do seu blog Cantigueiro:
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